sexta-feira, 31 de maio de 2013

TABLÓIDE


Abro o meu coração
Como páginas de um jornal popular
Manchetes escandalosas
Atraem a atenção dos leitores mais mórbidos
Sedentos de sangue e escárnio,
Infidelidade partidária,
Alianças políticas e descaso.
No caderno alternativo sessões de cinema
Astros, estrelas e entrelinhas,
Anjos e demônios,
Verdades e mentiras.
O show de Trumam-O show da vida!
Alguém  que  viu um disco voador afirma:
“Existe vida em outros mundos!”
Na folha policial: crimes e assassinatos,
Furtos misteriosos
(precavido escondo minhas ilusões),
Na foto em preto-e-branco
Um corpo desconhecido caído na calçada,
Seria um bêbado
Com a ressaca dos olhos de Capitu?
Teria sido amor?
Teria sentido ódio?
Teria sido o ópio?
-Perguntas procuram respostas na página dos classificados.

Ou então aquele corpo
É da vítima de homicídio
Golpeado pelas costas sem defesa  ou proteção.
O que dizem dele as noticias:
Que saiu cedo pra comprar felicidade,
Que andou por todos os comércios
E freqüentou todas as casas,
Que beijou meninas em corpos emadurecidos,
Que fez planos e construiu castelos
Que acreditou e às vezes duvidou
Que quis somente um beijo!
Odeio todo esse sensacionalismo!
Por que não publicam noticias alegres do tipo
Amanhã vai ser um lindo dia,
O amor ainda existe,

Haverá festa em algum lugar!

terça-feira, 14 de maio de 2013

ANIMA



Se há um mundo sobre este mundo
Como folhas transparentes em um caderno
É possível que eu veja teu sorriso em um espelho
É possível que pintes de vermelho
O coração que fiz sem cor
É possível que me beijes enquanto durmo
Que me contes segredos noturnos
E que eu sonhe com você como era antes
Bem antes do entardecer.
Se há uma vida após esta vida
Que minha alma esteja dividida
Uma parte que se foi e outra que ficou
Uma parte que espera e outra que caminha
Uma parte que é serena e outra que desatina
Como se a saudade fosse só amor.
Se é verdade que existe um plano
De um tempo sem ponteiros
De a gente se encontrar em lugar nenhum
Desse céu sem fronteiras onde o mármore e a estrela
É só luz e só matéria
Como o universo que se condensa
Fazendo do fim o começo
Fazendo da solidão o preço
De ser eterno e ser efêmero
De andar a ermo em uma estrada circular
E depois de tantas despedidas
Há um ponto de partida
Que se teima em retornar.
É possível que eu sonhe com você
Quando por pura teimosia
Durma noite e dia
Sem vontade de acordar.