sábado, 18 de dezembro de 2010

LÍGIA SAAVEDRA e ALCYR GUIMARÃES - TEM DÓ



Conheci a Ligia Saavedra através do site OVERMUNDO, fiquei fascinado com sua poesia intensa e com a o timbre de sua voz, é uma cantora impressionante, compositora e letrista de mão cheia.
Ligia vive hoje em Belém do Pará onde junto a artistas locais busca espaço para a boa música naquela cidade, que ao contrario do que se imagina, tem público para uma musicalidade mais elaborada e de bom gosto.
Ligia canta em seu novo CD, que acredito ser o primeiro solo, “Além dos Muros”, gravado após longos anos de silencio, a beleza, a vida e a cultura da região norte do país. Canta também os amores e a experiência de vida de quem aprendeu e viveu a cada momento. É um disco encantador. Recebi um exemplar de presente via postal.
“Tem dó” é para mim a faixa mais emblemática do CD, a letra bem elaborada, a pegada pop do violão, a referencia nítida a sonoridade do Chico Buarque de Holanda e ao cotidiano paraense,  fazem desta uma canção impar que merece ser ouvida com atenção.
Bacana mesmo é saber que a Ligia, morou muito tempo aqui em são Luis do Maranhão e foi presença viva em nossa cultura e nossa música, participou de movimentos, de festivais, soltou a voz  em escolas de samba,  cantou no São João, e deixou sua marca.
Um abraço verdadeiro para minha grande amiga  que já deixou de ser virtual.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

"O sistema" - Penha de Castro



O áudio é de uma gravação demo. Compus este baião no meio do ano de 2007 em decorrência de um contratempo terrível: meu cheque especial tinha sido cancelado, eu tinha pagado a fatura integral do cartão de crédito, que também foi cancelado em virtude daquele. Passei 15(quinze) dias completamente liso e precisando arranjar dinheiro para cobrir o débito e ter o meu crédito de volta.
Chorei, rezei, me desesperei e compus duas canções, uma melancólica, chamada “Minha riqueza”,  cujo o tema era a busca da felicidade e a esta, que se chama “ O sistema,” um baião irreverente que fala das mazelas do sistema econômico e burocrático que atormentam e oprimem o homem comum. A Irreverência que a norteia serviu para mim de válvula de escape naqueles dias difíceis.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

CATIVEIRO O COCHE DE ANA - CONCEPÇÃO




CATIVEIRO (O COCHE DE ANA) foi composta pelos ex-integrantes da banda DARUEIRA, (Eu, Ricardo Passos e Wagner Jales), que quer dizer sem nenhuma pretensão, GUARDIÕES DA SABEDORIA, pouco depois dos três rapazes de São Luis resolverem dá um tempo em suas invenções musicais alternativas e partiram para projetos individuais.
Eu já tinha feito um esboço da letra (acredite, em plena noite de reveillon, sozinho com o violão no meio da rua, após a queima dos fogos) com uma melódia bem diferente.
Mais tarde, Ricardo apareceu querendo vê novidades do meu repertório, apresentei a nova cria e resolvemos refazê-la.
Ricardo compôs uma nova melodia, e juntos reformamos a letra, não sobrando quase nada da versão original, talvez só o primeiro verso.
A melodia passou por diversas alterações, Wagner se juntou a nós neste processo e na preparação de arranjos, e fez em conjunto com Ricardo a derradeira estrofe. 
a música CATIVEIRO ( O COCHE DA ANA) foge um pouco da concepção musical da lendária (muitos já ouviram falar, poucos tiveram a oportunidade de assistir a um ensaio) DARUEIRA, mesmo assim não deixa de ser uma representante legitima do modo de criação dos três autores.

Baixar aqui: http://www.overmundo.com.br/banco/cativeiro-o-coche-de-ana

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

EU OUVI AS PALAVRAS DO PROFETA GENTILEZA




Foi no ano de 1989.O Profeta Gentileza em suas andanças chegou a São Luis trazendo boas novas.
Eu já conhecia sua imagem exótica de suas poucas aparições na TV. Barba e cabelo compridos e brancos, Como o Moisés Bíblico, vestia uma túnica branca, e trazia nas mãos um cajado e placas com seus escritos.
Era quase meio-dia, horário de saída do Colégio Santa Teresa, onde eu cursava o terceiro ano, vi quando o Profeta Gentileza subia a Rua do Egito (nada mais apropriado), pregando aos transeuntes quando foi abordado pelos alunos e trazido para o terraço da escola.
Achei que haviam más intenções por parte dos meus colegas: queriam se divertir com o pobre profeta e ao mesmo tempo afrontar a direção da escola (talvez o fato de ser uma escola católica acharia inconveniente a presença do profeta contemporâneo no prédio).
O Profeta Gentileza pregou para dezenas de alunos que o cercaram no terraço, rindo e aplaudindo a cada frase, numa algazarra. Assisti com vergonha pela atitude dos colegas e ao mesmo tempo com respeito por aquele senhor de aparência messiânica.
Não entendi as palavras do profeta, menos por causa do barulho e mais pela desconexão que havia nelas. Mas, as palavras não eram o mais importante, a mensagem do profeta gentileza vinha dele mesmo.
Ouvi dizer que o Profeta Gentileza começou sua jornada após um incêndio em um circo que matou sua família, assim que recebeu a revelação divina de que deveria andar pelo mundo proclamando a gentileza.
De uma loucura aparente e de uma honestidade sensata é que nascera a figura do Profeta Gentileza, um profeta do inconsciente que revelava a loucura do mundo.
Não dizia ser o próprio Jesus Cristo reencarnado e nem ser coisa melhor que ele, não pretendia fundar uma igreja, ter discípulos e seguidores, arrecadar dízimos, não vestia ternos caros para vender a palavra de Deus. Não era um desses falsos profetas, pregava apenas aquilo que acreditava ser a verdade.
Tinha um sorriso amável e voz suave, possuía uma aparente eloquência apesar da obscuridade de seu discurso, e seu olhar era pleno de bondade, esperança e solidão.
Gentileza não pode salvar a família de um incêndio, por isso buscava incessantemente salva o mundo de uma hecatombe, salvar a humanidade de si mesma, salvar o homem da insensatez, de seu egoísmo e da falta de amor.
Gentileza queria para o mundo o amor que perdeu para si. Por isso pregava e escrevia nos muros, por isso andava na ruas com suas placas proféticas com frases que se traduziam em uma única palavra: amor.
Percebi nele a loucura de Deus, a mesma que fez Francisco de Assis abrir mão de sua vida confortável e casar-se com a pobreza para se tornar o mais fiel modelo de imitação de Cristo conhecido na história.
Gentileza era puro de coração e isso, certamente, vale mais do que mil palavras...